terça-feira, 23 de março de 2010

Rio de água sem sabor



E lá estava ela,
Suave, bela, morta,
Um lenço vermelho de dor
A cobrir-lhe o pescoço…
Ele chegou
E quando a viu
Logo sentiu
Uma espada afiada
Trespassar-lhe o peito
E ir direita ao coração.
Rosas negras choravam
E deixavam cair
Pétalas cor de noite.
Embaladas pela tristeza,
Roçavam a cabeça dele
E pousavam graciosamente
Num coração dorido.
Sob a cabeça dele
Um corpo inanimado.
Tão grande era o amor
Que acalentava a sede de vingança...
Pobre jovem degolada!
Tão linda a sua face,
Que D. Pedro chorava
E acariciava incrédulo!
Doce cheiro dos seus cabelos loiros
Que o vento espalhava
E a brisa aclamava!
Das flores caíam lágrimas
De várias cores;
No rio corria água sem sabor…
E daí em diante,
Para D. Pedro
O dia nunca mais
Teve cor!


Ângela Pinto

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