quinta-feira, 25 de março de 2010

terça-feira, 23 de março de 2010

Rio de água sem sabor



E lá estava ela,
Suave, bela, morta,
Um lenço vermelho de dor
A cobrir-lhe o pescoço…
Ele chegou
E quando a viu
Logo sentiu
Uma espada afiada
Trespassar-lhe o peito
E ir direita ao coração.
Rosas negras choravam
E deixavam cair
Pétalas cor de noite.
Embaladas pela tristeza,
Roçavam a cabeça dele
E pousavam graciosamente
Num coração dorido.
Sob a cabeça dele
Um corpo inanimado.
Tão grande era o amor
Que acalentava a sede de vingança...
Pobre jovem degolada!
Tão linda a sua face,
Que D. Pedro chorava
E acariciava incrédulo!
Doce cheiro dos seus cabelos loiros
Que o vento espalhava
E a brisa aclamava!
Das flores caíam lágrimas
De várias cores;
No rio corria água sem sabor…
E daí em diante,
Para D. Pedro
O dia nunca mais
Teve cor!


Ângela Pinto

Um mar de rosas

O amor pode ser vivido como um mar de rosas, mas é certo que tem momentos em que é necessário “remar contra a maré”.
O amor não implica um único sentimento, arrasta consigo alegria, tristeza, desespero, saudade, emoção, entre muitos outros. São mil e uma sensações com que temos que lutar se escolhermos incluir no nosso destino a rota do amor. Mas uma coisa é certa: nunca ninguém disse que amar era fácil e, se disse, com certeza que por esta altura já se arrependeu. Viver num mundo em que, ora se está nas nuvens, ora parece que mergulhamos num mar de água gélida, não é para todos.
O amor é algo que algo que deve ser saboreado com a alma, é um mundo por descobrir.

Marta Arcanjo

O Amor

O amor divide-se em dois grandes tipos: o amor verdadeiro e o aparente amor verdadeiro. O amor verdadeiro é aquele que nenhuma barreira separa, aquele que nenhum “acto” destrói e pode estar presente num casal, ou numa família ou até em amigos.
O aparente amor verdadeiro é todo ao contrário, destrutível, falso, pode fazer palpitar o coração, dar uma espécie de cócegas na barriga e tudo o que o amor provoca, mas no fim, quando algo se complica ou quando é preciso fazer escolhas difíceis, o amor já não prevalece, deixando de se chamar amor.
O amor só é amor com uma pitada de paciência, com uma colher de ternura, com uma chávena de bondade e tudo o resto.
O amor é realmente uma “coisa” fantástica, uma “coisa” tentadora, apetecível, mas com muito sofrimento à mistura; por amor, somos capazes de fazer tudo e, com este tudo, podemos sofrer, magoarmo-nos a nós próprios, sentirmo-nos tristes e cabisbaixos.
Mesmo assim, quando das duas partes é feito um esforço e até há um sofrimento em conjunto, o amor é imenso.
Fátima Carlos

Pedro e a dureza da partida...


A partida é sempre mais dura que uma lembrança,
Que se vai libertando do esquecimento
E vai quebrando o silêncio
Que vai morrendo dentro de nós.
Perdidos fugimos
Com vontade de sentir...
Vivendo com medo de viver o perigo
Ganhamos medo ao amanhã,
Rasgamos o peito e perdemos o que é nosso
Nunca nos sentimos livres daquilo que não queremos ser
E o único som que ouvimos
É o som do que nunca encontramos.
E para juntar os pedaços é preciso
Morrer outra vez,
Mas não somos diferentes,
A lei da morte leva a melhor
E a partida volta a ser mais dura que a lembrança.
Patrícia Leitão

Estrelas de Cristal

A dor…
Conheço muitos tipos de dor…
Mas, de todas elas,
Nenhuma dói tanto
Como a dor de perder um amor
Nenhuma esvazia
Nenhuma corrói
Nenhuma magoa tanto!
O sentimento de amor
É difícil de explicar,
É um sonho
E até agora ainda ninguém
O conseguiu concretizar…
Vou ser louca ao ponto de tentar

A dor de perder um amor
É horrível,
É devastadora!
É uma tortura perder um amor
Um vazio intenso
Com uma escuridão surreal …
Uma garra malvada e gélida
Atacou o coração,
Mas não o fez devagar
Teve o cuidado
De lhe rasgar a pele,
Lenta e friamente,
Deixou-o a sangrar pingos de rubi
Gotas que gritam silenciosas
o seu sofrimento…
Tão secretamente
Que apenas a alma as ouve,
Ela que, solidária,
Deixa solenemente
Cair estrelas salgadas de cristal,
Estrelas que ardem no rosto
E que arrepiam o corpo.
As memórias vêm
E as estrelas que as acompanham
Reservam-lhes um lugar no céu,
Esquecem a alegria,
Esquecem a razão de viver,
Porque a única coisa que querem
É continuar a crer,
Desejam-no tão visceralmente
Que acabam por crer
Algo que só o imaginário lhes oferece…
Quando é tempo de crescer
É que se percebe o que é sofrer
Que o que se pedia era secreta aliança
E o que perdeu
Foi muito mais do que a esperança.

Perder um amor é horrível,
Rasga a pele, devora os sentimentos,
Cria dor e raiva
Cria solidão e ânsia
É capaz de gerar um monstro dentro de nós,
De nos roubar a alma
De nos deixar tão vazios
Tão incapazes de tudo
Incapazes de viver…
Mata o íntimo
Destrói os nossos mais profundos sonhos
Cala a boca,
Ficamos sem capacidade de contar o que nos falta
Prisioneiros da carência
Que esse amor nos traz!
De repente nada faz sentido
Tudo morreu,
Tudo partiu
E nem sequer olhou para trás!

Maravilhosamente, as estrelas salgadas de cristal
Continuam a cair
E criam o seu próprio céu na terra.

Ângela Pinto